sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A estética da Terra- Aldo Leopold e Holmes Rolston





Aldo Leopold   o belo natural e o bem



"Um olhar de relance pelas teses de eticistas na esteira de Leopold (Callicott, Rolston, Hargrove, Sagoff, entre outros), descobre sem esforço a sua crença na relação íntima entre a  estética e a ética ambientais. Com efeito, quando Leopold afirma que «algo é bom quando tende a preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica» condensa diferentes planos (ecológico, estético, moral)  num mesmo horizonte de significado – se a beleza se impõe como presença  no mundo, ela deve constituir-se, por isso, como fundamento de moralidade, um imperativo do agir.
A leitura do Sand County Almanac sugere-nos que os eixos cardinais da ética da terra - equilíbrio, integridade e beleza - constituem um cluster, uma unidade de itens correlacionais, agregados de modo em que a beleza natural se perspectiva como configuração expressiva da integridade e equilíbrio da natureza. Neste sentido, o belo natural surge, na obra de Leopold, como manifestação tangível da «saúde» dos ecossistemas a uma dada escala espácio-temporal, que o ser humano deve preservar e amar. ... A presunção da correlação entre os valores ecológicos, os valores estéticos e os valores éticos guia a escrita do Sand County, como se a beleza do mundo natural, a sua presença irradiante e multiforme, se impusesse ao homem e ao agir, não como obrigação, mas como doação pródiga que incita aos sentimentos de amor e de cuidado, convidando ao bem ou, o que é o mesmo, à preservação dos equilíbrios naturais." Maria José Varandas, excerto traduzido  de: