terça-feira, 9 de novembro de 2010

Apontamento sobre Conferência da Gulbenkian - "Felicidade"

Na 6ª feira passada, no auditório 3 da Gulbenkian decorria um colóquio cujo tema era a felicidade.

Sentámo-nos para ouvir a Sofia (Vaz). E ela de um modo bem encadeado e articulado chegou à ética das virtudes. Sim, os estudos comprovam e é uma verdade empiricamente reconhecida: a partir de certo grau de conforto material mais dinheiro não proporciona mais felicidade. O que fazer então? Trilhar o caminho da virtude, ou seja, aplicarmo-nos no aprimoramento do “inner self” através de uma acção em equilíbrio com o mundo. Atingido este patamar, um passo gigante para a felicidade teria sido dado. Uma ética das virtudes, não pergunta para onde devo ir, ou o que devo fazer, mas , antes, que tipo de pessoa devo ser na minha relação com os outros e com o mundo natural que me envolve. E hoje já não basta a humildade, essa sim uma boa virtude, porque permite a abertura ao outro que o autocentramento arrogante fecha, ou até mesmo a responsabilidade, a crise do ambiente diz-nos que outras virtudes devem ser assumidas para bem viver dentro dos limites do planeta – a eco-cidadania, a sustentabilidade ambiental. Antes de mais, porém, é preciso fazer a gestão dos limites do querer, afirmava a Sofia e aí pairou uma reminiscência de Nietzsche quando este afirmava que “a maior parte das pessoas estão demasiado ocupadas consigo próprias (leia-se com o seu querer) para serem más”.

Este foi o tema prosseguido por Eduardo Gianetti da Fonseca, que com uma espantosa facilidade de comunicação atingiu em cheio o “pathos” do auditório. Interrogações e mais interrogações ecoaram sem resposta no coração do público - Até que ponto as nossas escolhas têm conduzido à criação de condições adequadas para vidas mais livres e dignas de ser vividas? A civilização entristece o animal humano? O que houve de errado no projecto iluminista de conquista da felicidade por meio do progresso tecnocientífico? Qual deveria ser o peso do prazer na busca da felicidade?

A terminar a sessão, um filme de Morin, dominado pela pergunta “êtes vous heureux?”. E o que o autor encontrou foi mais desencontro do que felicidade.

Viriato Soromenho Marques fechou a sessão e, no comentário ao filme, aludiu ao pensamento aí expresso por uma “pin-up” loura de seios fartos e saia curta, afirmando que esse pensamento imprevistamente verbalizado pela rapariga, é bem capaz de ser o ponto de partida da felicidade- “ter um mundo dentro de si”, ou seja, uma cheieza feita de vida, equilíbrio, afecto, gente e....natureza.

Sociedade de Ética Ambiental